Aproximadamente 30% dos idosos sofrem pelo menos uma queda por ano, segundo o Ministério da Saúde. Entre as mortes por causas externas (não relacionadas à saúde), esse tipo de acidente é responsável por 24% dos óbitos nessa faixa etária.
As principais causas de quedas com idosos são a fraqueza muscular, a diminuição da visão e da audição, a falta de equilíbrio e o uso inadequado de medicamentos. Em casa é onde os idosos mais caem, os grandes vilões são as escadas e os banheiros.
Os familiares dos pacientes idosos podem identificar sinais que levariam à quedas prestando atenção no idoso, ou seja, os familiares devem olhar se ele tropeça com frequência, se está com alguma dificuldade para enxergar, se tem déficits cognitivos e se tem dificuldade para andar ou se levantar depois de sentado. Se apresentar alguns desses itens, ele é um caidor em potencial.
Dentro da Terapia Ocupacional, os principais instrumentos utilizados para tratamento de quedas e a adaptação da casa do idoso, é focada nas atividades diárias e no desempenho ocupacional, por isso ao receber o idoso caidor o Terapeuta Ocupacional procura conhecer sua rotina, saber se tem algum déficit cognitivo ou dificuldades físicas, as roupas e calçados que costuma usar e seu histórico de quedas. Em seguida investiga os ambientes pelos quais essa pessoa transita e seus hábitos. Feito isso, são propostas mudanças, que podem incluir instalação de barras, melhora da iluminação, fixação de tapetes, aumento do espaço livre e fitas de alerta em degraus. Nem sempre o que se propõe o idoso aceita ou é viável para a família. Há famílias que não têm dinheiro para instalar barras de apoio no banheiro, por exemplo. Neste caso, já cheguei a orientar que fizessem essas barras com ferro galvanizado, aquele de antena de TV. Para que uma mudança ou adaptação na casa do idoso seja bem sucedida o profissional deve lembrar que aquele não é um espaço qualquer. A casa de uma pessoa é cheia de significados e lembranças que fazem parte de sua história, e isso está mais presente ainda quando falamos em idosos.
Durante o tratamento o Terapeuta Ocupacional procura reforçar o que já foi orientado e se necessário faz alterações no plano inicial, de acordo com a viabilidade do projeto. Quando o tratamento termina, são agendados retornos periódicos para manter as mudanças e evitar que novas quedas ocorram.
Nesse processo é importante ressaltar o papel da família, pois depois que são feitas as mudanças são as pessoas próximas as encarregadas de mantê-las.
O mal mais difícil em se tratar é o cognitivo, pois quando a déficits físicos é só fazer a adaptação que o idoso irá seguir o que foi orientado. Já quando os déficits são cognitivos, é necessário que o Terapeuta Ocupacional e/ou cuidador reforce constantemente as orientações e assuma a responsabilidade pela prevenção das quedas. Quando um idoso está em determinado grau de demência, por exemplo, dificilmente irá se lembrar que precisa segurar no corrimão para andar.
No caso das doenças degenerativas as adaptações são feitas aos poucos, conforme as perdas funcionais avançam, isso é importante para não sobrecarregar ou assustar o paciente com mudanças que só precisarão ser feitas no estágio final da doença.
Alguns pacientes rejeitam o tratamento ou a mudança da rotina após o acidente, porque eles acham que a queda representa muito mais do que simplesmente cair, pois vêem a queda como a concretização de um declínio funcional, como se estivesse incapaz. Há casos de pessoas que desenvolvem quadros depressivos após cair.
No tratamento de quedas não há exatamente mudanças no estilo de vida. O Terapeuta Ocupacional leva em conta os desejos, a personalidade e hábitos da pessoa, por isso essas mudanças não costumam ser radicais. Têm pacientes idosas que se recusam a tirar os tapetes de suas casas, mesmo sabendo que eles oferecem risco, nesses casos é preciso manejar a situação e encontrar um meio termo, como fixar fitas adesivas antiderrapantes.
O papel do Terapeuta Ocupacional é buscar soluções que sejam adequadas para a condição familiar do idoso. Se a família tiver poucos recursos para alterar grandes estruturas da casa, por exemplo, o Terapeuta Ocupacional tem condições de sugerir alternativas.
Devido ao aumento no número de idosos no país, os Terapeutas Ocupacionais estão se preparando para atender esse aumento da demanda, começando nas universidades que têm oferecido mais cursos de Terapia Ocupacional e também a pouco tempo os convênios passaram a cobrir esse tipo de serviço.
A adaptação de uma casa pode ficar tanto cara quanto barata, isso vai depender dos materiais utilizados. Existem soluções simples que podem garantir a segurança do idoso gastando pouco, como instalar corrimão de ferro galvanizado ou tubo de PVC recheado com cimento, retirar tapetes, fios e objetos soltos pelo chão, colocar fitas de alerta nos degraus e antiderrapantes, manter os ambientes bem iluminados e com espaço livre para circulação, evitar encerar o chão, organizar os objetos de forma que os mais utilizados fiquem em lugar de fácil acesso, evitar andar de meias pela casa, e evitar usar sapato com salto alto e roupas esfregando o chão. Já se a família tiver condições financeiras as mudanças podem incluir a troca de piso, de móveis e da cor da parede, instalação de spots de luz, instalação de elevador de assento sanitário e construção de rampas de acesso.
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