A Insuficiência Renal Crônica (IRC), é a perda progressiva e irreversível da função renal devido a fatores múltiplos como: glomerulonefrite, nefrite intersticial, nefrosclerose hipertensiva e nefropatia diabética. Geralmente, a falência renal não se instala de forma repentina, ocorrendo adaptações sistêmicas pelo tecido renal ainda não acometido, até que a insuficiência renal crônica instala-se realmente.
O processo da perda da função renal é caracterizado pelas seguintes fases clínicas:
- fase de insuficiência renal funcional: onde ocorre o início da perda função renal;
- fase de insuficiência renal crônica laboratorial: onde os pacientes apresentam alguns sinais e sintomas de uremia, no entanto encontram-se em boas condições clínicas;
- fase de insuficiência renal crônica clínica: em que os pacientes apresentam perda de mais de 80% da função renal; e por fim
- fase de insuficiência renal crônica: que é a fase terminal onde predomina a síndrome urêmica havendo perda total do controle do meio interno, indicando a necessidade de uma terapia substitutiva na forma de diálise ou transplante.
A hemodiálise é um processo terapêutico que consiste na circulação do sangue num "circuito extracorpóreo, instalado em um rim artificial. O circuito é composto por uma linha, ramo ou set arterial e outra venosa, de material plástico, entre as quais se interpõe um hemodialisador, artefato de plástico que contém uma membrana hemodialisadora" (IWAMOTO, 1998) que é destinada a remover os catabólitos do organismo e a corrigir as alterações do seu meio interno.
O transplante possibilita ao paciente libertar-se da dependência da máquina de hemodiálise, entretanto não é uma alternativa de fácil viabilidade devido a dificuldade em encontrar órgãos cadavéricos ou um doador familiar compatível. A IRC não é curada através do transplante renal, este apenas proporciona uma melhora na qualidade de vida uma vez que o doente não necessita da diálise. O transplante renal ainda é considerado a melhor opção de tratamento para a IRC, uma vez que, se bem sucedido poderá proporcionar aos pacientes um retorno sem restrições à alimentação, à total liberdade de locomoção e ao ganho de tempo para realizar suas atividades normais.
A IRC é assintomática na maioria dos casos, manifestando-se apenas com a paralisação do rim, assim, quando o indivíduo descobre que é portador da doença ele já necessita submeter-se ao tratamento dialítico. A manifestação da doença implica em mudanças abruptas no âmbito pessoal, familiar, profissional e social. Estas mudanças levam os indivíduos a reorganizarem seus compromissos alterando horários de atividades domésticas, laborativas, escolares e de lazer.
O indivíduo enfrenta a perda de um corpo saudável e ativo, por um corpo frágil e marcado por cicatrizes de fístulas, edemas, cortes para a introdução de catéteres, descoloração da pele, emagrecimento, dentre outros. Recebe também novas incumbências como: fazer dieta alimentar necessária ao tratamento, tomar medicações continuamente, ficar em repouso, conhecer a doença e suas limitações e lidar com as restrições físicas.
Freqüentemente, o doente renal crônico sofre com a perda do emprego e da estabilidade econômica devido às restrições físicas e/ou da necessidade de dispor de longos períodos de tempo para diálise. Tal situação determina um dos principais problemas familiares quando o doente é o responsável pela manutenção financeira da família.
Os contatos sociais diminuem, na maioria das vezes, devido as limitações físicas e as restrições alimentares impostas pelo próprio tratamento, assim o paciente fica impossibilitado de participar de atividades sociais, já que a maioria estão associadas a festas e passeios.
A IRC impõe ao paciente a necessidade de confiar a sua vida à uma máquina e à equipe responsável pelo tratamento. Esta situação de dependência é decorrente da própria natureza da hemodiálise e torna-se uma constante lembrança de quão frágil é sua vida.
A hemodiálise oferece uma possibilidade de tratamento no entanto, apresenta riscos e efeitos colaterais, submetendo os indivíduos a um estresse psíquico constante.
Do indivíduo em tratamento hemodialítico é cobrado diariamente uma aderência a diminuição de líquidos às restrições alimentares e ao uso de medicamentos.
O acompanhamento terapêutico ocupacional busca tornar possível um descolamento do DOENTE RENAL CRÔNICO, propiciando que o indivíduo encontre novas possibilidades de conviver melhor com a sua doença, tendo conhecimento dos comprometimentos e limitações do doente renal crônico apresento abaixo alguns recursos capazes de promover uma melhoria na qualidade de vida destes doentes, no âmbito social, afetivo e ocupacional:
- Possibilitar um espaço para a simbolização dos significados da doença e do tratamento, trabalhando a falta de informação, os preconceitos e uma melhor convivência do paciente com a doença e o tratamento;
- Minimizar a ansiedade a que esta clientela está submetida, devido às especificidades do tratamento e às complicações do quadro clínico;
- Estimular e Diminuir a ociosidade decorrente da debilidade do quadro clínico do tratamento hemodialítico, desenvolver a socialização, através de atividades recreativas, lúdicas e criativas realizadas com o grupo em questão; e
- Intervir no ambiente, introduzindo atividades enquanto elemento capaz de possibilitar ao paciente tornar-se produtivo e estabelecer uma nova relação com a equipe e o s demais integrantes do grupo.
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