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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Autismo e a intervenção da Terapia Ocupacional

  O autismo é uma disfunção global do desenvolvimento, ou seja, uma alteração que afeta a capacidade de comunicação do indivíduo, de socialização e de comportamento. 
   Não se conhece a causa do autismo, mas, estudos de gêmeos idênticos indicam que a desordem pode ser, em parte, genética, porque tende a acontecer em ambos os gêmeos se acontecer em um. Embora a maioria dos casos não tenha nenhuma causa óbvia, alguns podem estar relacionados a uma infecção viral, fenilcetonúria que é uma deficiência herdada de enzima, ou a síndrome do X frágil. Além disso,  pode-se admitir que tenha relação com fatos ocorrido durante a gestação ou parto.
  Algumas crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala intactas, outras apresentam sérios retardos no desenvolvimento da linguagem, alguns parecem fechados e distantes, outros presos a comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento. Os diversos modos de manifestação do autismo também são designados de espectro autista, indicando uma gama de possibilidades dos sintomas do autismo. Atualmente já há possibilidade de detectar a síndrome antes dos dois anos de idade em muitos casos. Adultos com autismo são capazes de ter sucesso na carreira profissional, porém, os problemas de comunicação e sociabilização freqüentemente causam dificuldades em muitas áreas da vida, estes continuarão a precisar de encorajamento e apoio moral em sua luta para uma vida independente. 
  Segundo a ASA (Autism Society of American), indivíduos com autismo usualmente exibem pelo menos metade das características listadas a seguir:
 
 - Dificuldade de relacionamento com outras pessoas;
 - Riso inapropriado;
 - Pouco ou nenhum contato visual;
 - Aparente insensibilidade à dor;
 - Preferência pela solidão; modos arredios;
 - Rotação de objetos;
 - Inapropriada fixação em objetos;    

 - Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade;
 - Ausência de resposta aos métodos normais de ensino;
 - Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina;
 - Não tem real medo do perigo (consciência de situações que envolvam perigo);
 - Procedimento com poses bizarras (fixar objeto ficando de cócoras; colocar-se de pé numa perna só; impedir a passagem por uma porta, somente liberando-a após tocar de uma determinada maneira os alisares);
 - Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal);
 - Recusa colo ou afagos;
 - Age como se esti vesse surdo;
 - Dificuldade em expressar necessidades - usa gesticular e apontar no lugar de palavras;
 - Acessos de raiva - demonstra extrema aflição sem razão aparente;
 - Irregular habilidade motora - pode não querer chutar uma bola, mas pode arrumar blocos.
    É relevante salientar que nem todos os indivíduos com autismo apresentam todos estes sintomas, porém a maioria dos sintomas está presente nos primeiros anos de vida da criança, estes variam de leve a grave e em intensidade de sintoma para sintoma. Vale salientar  que a ocorrência desses sintomas não é determinista no diagnóstico do autismo, para tal, se faz necessário acompanhamento com psicólogo ou psiquiatra.

    Diagnóstico :

  Não existem exames laboratoriais ou de imagem que diagnostiquem o autismo. Os pais são os primeiros a notar algo diferente nas crianças autistas, quando o bebê mostra-se indiferente à estimulação por pessoas ou brinquedos, focando sua atenção por longos períodos em determinados itens, outras crianças começam com um desenvolvimento normal nos primeiros meses para mais tarde tornar-se isolado a tudo e a todos. Normalmente, o diagnóstico é feito clinicamente através de entrevista e histórico do paciente, no entanto, tem famílias que levam anos para perceber algo anormal na criança, causando atraso para o início de uma educação especial, pois quanto antes se inicia o tratamento, melhor é o resultado. 

    Tratamento Terapêutico Ocupacional 

  O tratamento do autismo vai depender da gravidade do déficit social, de linguagem e comportamental que o indivíduo se encontra. 
   Em crianças pequenas, a prioridade do tratamento normalmente é o desenvolvimento da fala, da interação social / linguagem  e o suporte familiar, já com adolescentes, o tratamento é voltado para o desenvolvimento de habilidades sociais necessários para uma boa adaptação, desenvolvimento de habilidades profissionais e terapia para desenvolvimento de uma sexualidade saudável, e com adultos, o foco está no desenvolvimento da autonomia, ensino de regras para uma boa convivência social e manutenção das habilidades aprendidas.

    De um modo geral o tratamento tem 4 objetivos:

 - Estimular o desenvolvimento social e comunicativo;
 - Aprimorar o aprendizado e a capacidade de solucionar problemas;
 - Diminuir comportamentos que interferem com o aprendizado e com o acesso às oportunidades de experiências do cotidiano; e
 - Orientar as famílias a lidarem com o autismo. 

  Intervenções apropriadas iniciadas precocemente podem fazer com que alguns indivíduos melhorem de tal forma, que os traços autísticos ficam imperceptíveis para aqueles que não conheceram a trajetória desenvolvimental desses indivíduos. O diagnóstico precoce do autismo permite a indicação antecipada de tratamento. Um tratamento adequado deve levar em consideração as comorbidades (transtornos associados a cada caso) para a realização de atendimento apropriado em função das características particulares do indivíduo por exemplos de comorbidades: Transtorno obsessivo-compulsivo e problemas de aprendizagem.
   A terapêutica pressupõe uma equipe multi e interdisciplinar – tratamento médico (pediatria e psiquiatria) e tratamento de reabilitação (psicologia, fonoaudiologia, pedagogia e Terapia Ocupacional), profissionalizante e inclusão social, uma vez que a intervenção apropriada resulta em considerável melhora no prognóstico.
   O sucesso do tratamento depende não só do empenho e qualificação dos profissionais que se dedicam ao atendimento destes indivíduos, como também dos estímulos feitos pelos cuidadores no ambiente familiar. Quanto mais os cuidadores souberem sobre o tratamento do autista, melhor para o desenvolvimento global.  
   O quadro de autismo não é estático, alguns sintomas modificam-se, outros podem amenizar-se e vir a desaparecer, porém novas características poderão surgir com a evolução do indivíduo. É aconselhável avaliações sistemáticas e periódicas. 
   Os medicamentos continuam sendo componentes importante para o tratamento, porém nem todos os pacientes deverão utilizá-lo. 
   



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