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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Transtorno obsessivo compulsivo e a intervenção da Terapia Ocupacional

   O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é caracterizado por preocupações excessivas ou crenças exageradas que limitam a vida de pacientes acometidos. Neste transtorno, as preocupações ou crenças permanecem como idéia principal ou como uma idéia doentiamente reincidente.
   As obsessões e compulsões consomem tempo (mais do que 1 hora por dia), e interferem significativamente na rotina normal da pessoa
    O TOC é um transtorno mental de natureza médica, que gera alterações no processamento das informações. Portanto, os sintomas são advindos às mudanças fisiológicas e não à personalidade dos pacientes.
    Pode começar em qualquer momento, desde a idade pré-escolar até a adulta (normalmente por volta dos 40 anos).  
   Hoje, o tratamento múltiplo (medicamentos, Terapia Ocupacional e psicológico) oferecem resultados bastante favoráveis ao paciente.
    As obsessões são pensamentos recorrentes, persistentes e intrusivos, impulsos ou imagens que causam uma marcada ansiedade ou sofrimento, estes não são simplesmente preocupações excessivas sobre os problemas da vida real, mas são reconhecidos pelas pessoas como sendo produto da sua própria mente. Pensamentos obsessivos são usualmente sobre desprazeres por exemplo a idéia de que a pessoa está se contaminando pelo contato com objetos, outros incluem impulsos de realizar atos perigosos ou embaraçosos.
    Compulsão são rituais de comportamentos repetitivos, (ex.:lavar as mãos) ou atos mentais (ex.: palavras sempre repetidas silenciosamente) que a pessoa se sente direcionada a responder como uma obsessão ou regras rigidamente aplicadas. O objetivo é tentar reduzir o sofrimento ou prevenir algum evento ou situação aterrorizante. 
     Qualquer pessoa pode manifestar sintomas obsessivos, especialmente em situações de stress, mas quando as obsessões afetam a atividade mental normal e perturbam as atividades cotidianas, a pessoa é considerada doente e geralmente sente-se angustiada pelos seus conflitos interiores.
     Consequências ocupacionais e sociais de TOC podem ser muito graves, pois muitos pacientes gastam uma grande parte do seu tempo fazendo um ritual. Em muitos casos um ritual complexo precisa ser completado exatamente da maneira "correta", e precisa ser reiniciado a partir do começo se o paciente acreditar que cometeu um erro. 
      Sabe-se que a incidência é de aproximadamente 1%, entretanto trata-se de um transtorno "que se oculta" e a verdadeira incidência pode ser bem mais elevada. Isto ocorre porque muitas pessoas com TOC escondem o problema e não consultam o médico. Eles freqüentemente estão em posições altas em organizações que permitem que se tornem mais discretos sobre os seus comportamentos obsessivo-compulsivos (ex.: você poderia imaginar que seria mais fácil para um executivo sênior ir a um banheiro e lavar as mãos mais repetitivamente que um funcionário de uma floricultura que está sob constante supervisão).

Sintomas do TOC

   O TOC geralmente envolve tanto a obsessão como a compulsão, embora a pessoa possa ter apenas um ou outro. Os rituais TOC mais comuns são:

1. rituais de checagem: verificar ou examinar repetidamente situações, como por exemplo se o gás está fechado, se a torneira está fechada, a porta trancada, etc.
2. rituais de limpeza: lavar repetidamente as mãos, roupas, objetos de uso pessoal, etc.
3. rituais de ordem: colocar objetos de forma invariavelmente igual, seguindo um determinado padrão, como arrumar compulsivamente as camisas ou meias sempre numa mesma ordem, etc.
4. rituais de coleção: como juntar coisas sem uma finalidade, como jornais velhos, tampas de cerveja, etc.
5. rituais de destino: como ter que levantar sempre com o pé direito, entrar num elevador de determinada maneira, etc.

Outras características do transtorno obsessivo-compulsivo:
 
   Os sintomas do TOC provocam angústia, consomem tempo (mais de uma hora por dia) ou interferem de maneira significativa no trabalho, na vida social ou no relacionamento com as pessoas.
  A maioria dos indivíduos com TOC reconhece em determinado momento que suas obsessões provém de suas próprias mentes, que não são apenas excesso de preocupação sobre problemas reais, e que as compulsões que realizam são excessivas e pouco razoáveis.    Quando alguém com TOC não consegue reconhecer que suas crenças e ações são pouco razoáveis, dá-se a isso o nome de TOC com pouco insight.
    Os sintomas de TOC tendem a esmaecer com o tempo. Alguns podem se tornar mero ruído de fundo; outros podem provocar angústia extrema.

Alguns transtornos que se parecem muito ao TOC e podem responder a alguns dos mesmos tratamentos empregados são: 

Anorexia nervosa (persitir em emagrecer)
Transtorno dismórfico do corpo (deteriorização da auto-estima)
Cleptomania (falência para resistir a roubar coisas)
Jogador patológico (persistente, recorrente e inapropriado)
Compulsão sexual (mesmo que repugnante à pessoa)
Tricotilomania (compulsão em puxar os cabelos)
Síndrome de Tourette (múltiplos tiques motores e vocais)
Compulsão de compra (persistente, recorrente, inapropriada urgência de comprar)

 Algumas pessoas não têm acesso aos recursos de tratamento, isso é uma pena, pois o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, inclusive a prescrição de medicamentos corretos, podem ajudar as pessoas a evitar o sofrimento associado ao TOC e diminuir o risco de desenvolverem outros problemas, tais como a depressão ou problemas conjugais ou de trabalho.
As medicações que aumentam a concentração de serotonina no cérebro são as de escolha, embora pareça claro que os níveis reduzidos de serotonina tenham um papel no TOC, não há exames laboratoriais de TOC - o diagnóstico é baseado na avaliação clínica do paciente. 
   A maior dificuldade para o tratamento do TOC está, exatamente, em convencer o paciente que o que ele sente é uma doença (que existe em outras pessoas) e que é possível tratá-la. A grande maioria desses pacientes tem constrangimento em relatar seus sintomas a outras pessoas, incluindo aos médicos, com medo de que pensem que ele é "louco". O primeiro passo no tratamento do TOC é instruir o paciente e sua família quanto ao TOC e seu tratamento como doença médica. Nos últimos 20 anos, foram desenvolvidos dois tratamentos eficazes para o TOC: a terapia cognitiva-comportamental e a medicação com um inibidor de reabsorção de serotonina (SRI).
   O tratamento terapêutico deve ser feito concomitantemente ao medicamentoso, quanto mais o paciente estiver consciente de sua doença, dos sintomas e conseqüências, maior controle haverá.
   A ajuda das pessoas de convivência do paciente também é extremamente importante. Quanto mais informações houver referente ao TOC (sintomas e ao tratamento), melhor será a qualidade de vida do paciente.

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